sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A Obesidade é a doença crônica mais comum no mundo Ocidental.

A causa é mista: genética, psíquica e comportamental.

Existem alterações em alguns genes que comandam a sensação de fome e saciedade.
Acredita-se que exista uma alteração genética que cause a obesidade.

Também sabemos que todo obeso tem uma alteração psíquica que o induz a superalimentação de forma compulsiva. Todo paciente obeso tem perfil compulsivo.

Criamos nossos filhos com medo de que freqüentem as ruas por seqüestros, atropelamentos, etc., e, desde cedo as crianças são acostumadas a ter prazer sentadas no sofá assistindo TV, jogando videogames ou brincando no computador.
Assim as crianças estão sendo estimuladas a levarem uma vida totalmente sedentária.

Outro erro familiar ocorre quando adultos comem e, geralmente alimentos inadequados, na frente das crianças, sugestionando-as a fazerem o mesmo.
Não é mais prático oferecer a criança um fast food do que uma refeição? Seus filhos não gostam do McDonalds?

Somos vítimas do marketing promovido pelas fábricas de guloseimas, onde embalagens coloridas e propagandas tentadoras nos induzem a compulsão. Sempre caímos, também, na armadilha dos crocantes: Você consegue parar de comer batatas fritas Pringles ou chocolates Bis enquanto houver unidades à vista?

A conseqüência da ingestão de calorias ser maior do que o gasto é a Obesidade.
Por esses motivos dizemos que “O Mundo está engordando” a largos passos.
Nos Estados Unidos 50% da população é obesa e, 25% das crianças são obesas.
O país está passando por um mutirão de emagrecimento nacional chamado Shape up América, numa tentativa de controlar essa Epidemia que não respeita raça, idade, sexo ou classe social.

Até os países muito pobres também estão tendo problemas de obesidade, pois o excesso de carboidrato, que é o alimento mais barato do mundo atualmente, engorda e muito.

Concluindo, entendemos que a origem da obesidade tem sua porção genética e psicológica que independe de nossa vontade, mas também tem a parte comportamental onde o erro é de nossa responsabilidade: má orientação alimentar familiar e falta de atividade física.

Classificação
A classificação dos obesos é feita baseada no Índice de Massa Corporal (IMC).
Esse cálculo matemático é feito dividindo-se o peso do paciente (em quilos) pelo quadrado da sua altura (em metros). Por exemplo: Um paciente que pese 132 Kg e tenha 1,77 m de altura terá um IMC de: 132 / (1,77)2 = 42,13 Kg/m2.
Uma pessoa IMC até 25 é considerada normal. Com o IMC acima desse valor a pessoa é considerada obesa.

Obviamente esse critério tem significado para pessoas musculosas, onde o excesso de peso é constituído de proteínas musculares. Por esse motivo o IMC não é muito fidedigno.
Existe um método muito preciso para avaliar a percentagem exata de água , gordura e massa sem gordura. É a bioimpedância. Entende-se que perder peso é interessante quando essa perda for às custas de gordura. Os “diuréticos, laxantes e a sauna” diminuem o IMC porque diminuem a quantidade de água do organismo, mas não diminuem a percentagem de gordura pela bioimpedância. Logo, esses recursos não auxiliam, verdadeiramente, nenhuma dieta.

Um paciente com IMC entre 25 e 30 é classificado como indivíduo com excesso de peso.
Já o paciente com IMC entre 30 e 35 é classificado como Obeso Tipo I.
Um IMC entre 35 e 40 situa o Obeso Tipo II.
Quando o IMC ultrapassa 40 classificamos o paciente como Obeso Mórbido.

Nos Estados Unidos existem 4 milhões de pessoas com obesidade mórbida, e no Brasil existe 1milhão de obesos mórbidos.

Quanto ao tipo de distribuição da gordura podemos classificar o obeso em:

a) Maçã (Andróide ou Tipo Masculino) A gordura fica centralizada no abdômen.
Esse tipo de obeso tem maior risco de vida

b) Pêra (Ginecóide ou Tipo Feminino) A gordura fica predominante no quadril.
Esse tipo de obeso tem mais dificuldade em se locomover



Conseqüências


A Obesidade é causadora direta de várias outras doenças chamadas Comorbidades.

As Comorbidades mais freqüentes são: Hipertensão Arterial, Diabetes Tipo II, Coronariopatias (angina e infarto cardíaco), Insuficiência Cardíaca, Artropatias (principalmente por sobrecarga de peso nos joelhos), Psicopatias, Apnéia do sono (parada respiratória fatal durante o sono), Esofagite de Refluxo, Hipercolesterolemia (aumento do colesterol), e outras.

Acredita-se que essas doenças tenham tanta relação com a obesidade que mesmo em pacientes pouco obesos o tratamento delas passa obrigatoriamente por uma perda máxima de peso.
Sabe-se que 90% dos obesos tem pelo menos 1 comorbidade e que 30% deles tem 3 ou mais comorbidades.

A diabete tipo II antigamente era típica de adultos obesos, agora, surge também em crianças.
Acredita-se que a causa dessa mudança seja o excesso de peso infantil.
Hoje se sabe que a diabete tipo II é causada pelo excesso de peso. O paciente que é “diabético tipo II” tem tanto prejuízo em tantos órgãos que seria injusto observarmos pacificamente a obesidade nesse grupo.
A orientação atual é: Caso o paciente não apresente resposta rápida e adequada ao tratamento clínico deve ser induzido ao tratamento cirúrgico, mesmo com Índice de Massa Corporal abaixo de 35. Essa conduta pode reduzir em muito a mortalidade dos pacientes diabéticos do tipo II obesos.
Alguns especialistas até dizem que “O tratamento do diabético tipo II obeso é cirúrgico”.
Um famoso trabalho sueco acompanhou pacientes diabético tipo II obesos por 8 anos após a cirurgia e concluiu que a melhora foi grande logo após a cirurgia e que essa melhora persistiu por todo o período estudado (os 8 anos).

A hipertensão arterial ocorre freqüentemente no obeso. Estima-se que 75% dos hipertensos são obesos. Esse alto grau de correlação sugere, fortemente, que a obesidade seja uma grande causadora de hipertensão arterial. Dessa forma, o melhor tratamento para o obeso hipertenso é emagrecer.

O infarto cardíaco nas mulheres está muito relacionado à obesidade . A maioria das mulheres que enfartam são obesas.

Os distúrbios de sono do obeso causam acidentes de automóveis com freqüência 7 vezes maior que entre motoristas não obesos.

Existe também uma correlação entre obesidade e alguns tipos de câncer como: mama, ovário e intestino.

Por essas comorbidades o paciente obeso tem uma sobrevida reduzida (mortalidade em idade precoce). O obeso mórbido tem risco de morte 12 vezes maior que um indivíduo com o peso normal. A maioria não sobrevive aos 60 anos. Nos Estados Unidos ocorrem 300.000 mortes por ano devidas a obesidade. Além disso, a qualidade de vida dos obesos é afetada devido às limitações físicas, sociais, profissionais, etc..

Acreditamos que a obesidade causa prejuízo médico, psicológico, social e econômico.
O governo americano estima um gasto de US$ 35 bilhões por ano com a obesidade.

Em cada 10 brasileiros 4 estão acima do peso.
No Brasil há 1 milhão de obesos mórbidos e morrem 80.000 obesos por ano, devido as comorbidades.




Tratamento Clínico

O tratamento da obesidade deve ser sempre clínico e orientado por um endocrinologista.
É baseado em reeducação alimentar, incentivo a atividades físicas, apoio psicológico e freqüentemente conta com apoio de medicamentos como:

a) Antidepressivos: Pois algumas vezes a depressão pode causar a fome compulsiva.

b) Hipofagiantes: Diminuem a fome se dividem em 2 subtipos:

b1) Anorexígenos: Diminuem o apetite.
b2) Sacietogenos: Aumentam a sensação de saciedade.

c) Excretores: Promovem a excreção da gordura ingerida na alimentação.

O tratamento clínico da obesidade tem caráter eterno, pois a tendência para engordar é também eterna nessas pessoas.

Os endocrinologistas recomendam algumas “dicas universais”:

a) Comer as coisas certas com freqüência e fazer várias refeiçõezinhas por dia.
A filosofia por traz dessa dica é nunca passar fome, pois a fome provoca a diminuição da serotonina, isso provoca uma alteração psíquica, chamada de “binge” pelos americanos, que, por sua vez provoca uma “compulsão enlouquecida” que faz o paciente assaltar a geladeira inteira, pondo a perder o sucesso da dieta.

b) As fórmulas mágicas, com diuréticos e laxantes, além de não darem resultado satisfatório, podem causar danos à saúde. O único caminho para emagrecer é a “reeducação alimentar com prática de atividade física regular”.

c) Nunca encha o estômago. O estomago é uma bolsa distensível. Conserve-o sempre pequeno.

d) Coma com calma, mastigando bem os alimentos, pois após 20 minutos de mastigação lenta a fome terá passado. Inicie a refeição com saladas para conseguir um pouco de saciedade antes do prato quente.

e) Beba muita água durante o dia, pelo menos de 6 a 8 copos.

f) Evite as gorduras saturadas de origem animal, como as carnes vermelhas, queijos amarelos, leite, ovos, manteiga. Elas aumentam o nível de colesterol ruim (LDL). Essa gordura tende a depositar-se na região abdominal.
Prefira as gorduras poliinsaturadas, como peixes, amendoim, óleo de soja e milho, ou as monoinsaturadas, como azeite de oliva e óleo de girassol e canola. Estas, sem exagero, aumentam o colesterol bom (HDL).

g) Não adianta fazer uma dieta frenética por 2 meses para emagrecer rapidamente 10 quilos pois em pouco tempo você recuperará esses quilos. Está provado que 85% dos pacientes que fazem dietas frenéticas recuperam o peso em 2 anos. Além disso, essas dietas fazem mal a saúde pois o paciente fica privado de certos elementos (conforme a dieta utilizada).
O ideal é aceitar uma reeducação alimentar e adotá-la por toda a vida, ingerindo uma dieta balanceada e variada, comendo todos os tipos de proteína, gorduras certas e os carboidratos em quantidade adequada, acompanhada de atividade física e tratamento psicológico.
Lembre-se que do total de calorias consumidas por uma pessoa 60% deve vir dos Carboidratos, 30% das gorduras e 10% das proteínas.